18: Quinta casa

A quinta casa era de um japonês. Seu Suzuki era diplomata e sua esposa era cantora. Seus filhos amavam a Lilian, ela já tinha 14 anos e cuidava das crianças de babá. Faziam quase 12 anos de serviço naquela casa. Lourdes apenas cozinhava. De 5 em 5 anos era uma família japonesa diferente do consulado. Quando uma família se mudava de país, vinha outra e indicava como empregada doméstica a "Maria, que faz a melhor feijoada da cidade".
No jardim havia flores amarelas. Lindas flores. Era um bom lugar para viver. Uma linda mansão, apesar de grande para limpar ela não estava sozinha. Haviam outros empregados. Lilian recebia a melhor educação num colégio particular que o Seu Suzuki pagava. Sua rotina era de muito aprendizado convivendo com essas pessoas de outra cultura. A disciplina, cortesia e etiqueta foram o ambiente de criação da Lilian. Algumas vezes se encontrava com a Nena, conversavam sobre a vida...
Maria de Lourdes tinha sua irmã Celina. Sempre foi muito sozinha. Não havia tempo para as amizades. Não havia tempo para luto e lamentações. Foi assim a sua vida, corrida. Passando por cima dos fatos, das mortes, das perdas, dos amores, dos sorrisos, das terras. Seu amor havia sido atropelado, mas não da tempo de falar sobre isso. Ele havia morrido e Lourdes logo voltou a trabalhar para sustentar a família. Querido leitor, não dará tempo de escrever todas as histórias. Permita-me apenas escrever aquilo que cabe ao meu tempo.
-Lourdes, preciso falar com você.
-Pode falar Seu Suzuki!
-Estou me mudando para Itália. Será nosso novo consulado. Mas não queremos que você nos deixe, gostamos do seu trabalho e confiamos em você. Gostaríamos que você fosse conosco. Cuidaremos de você e da Lilian. Pagamos uma escola para ela também. Nunca permita que você more longe da sua filha. Trabalhe apenas nos lugares que aceitarem as duas. O que me diz!
-Seu Suzuki! Quero ir sim...
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