5: A peia para não esquecer mais
Vicente foi visitar o Sebastião. Os cavalos ficaram do lado de fora e a Sara assava bolo na cozinha. Estava grávida. Era um menino.
Os meninos almoçavam cedo e lanchavam às 14h. Naquele dia seria xerém com leite - se não souber o que é cada comida, chuta que é de milho e provavelmente você acertará. Estavam espalhados pela casa lanchando e os homens conversavam na sala.
-Ele está sem emprego na cidade. Vive vendendo balinha e chiclete. Fica batendo de porta em porta. Isso não é vida não. Desde que despejaram ele da fazenda, ele não tem falado comigo. Homem de ego inflado, parece que só por que ta sem dinheiro não pode mais ter amigo. Não vai mais lá em casa fazer visita.
-Por que despejaram ele?
-Os donos da fazenda se mudaram para São Paulo, vão trabalhar na indútria. Venderam a fazenda e as vaca tudo. Agora vai sê plantação de milho só. A fazendo todinha. Têm uns 6 hectar.
-Arre égua.
-Eram ricos de mais. O único que ficou foi o caseiro. Agora eles só contraram se for como bóia-fria. Num compra todas as comidas do ano que eles precisam não.
-A esposa ta bem?
-Ta nada. Parece que num ama ele. Vive pulando cerca. É uma decepção.
-Coitado de Jorge. Faz tempo que num vejo ele. Essas indústrias estão levando as pessoas tudo a abandonar as terras e ganhar mais. Já comprei 10 bois só essa semana. Estavam vendendo tudo na fazenda que eu fui.
-Virgem Maria.
Na rádio passava comentários sobre o fim do Estado Novo e a mudança na estrutura política partidária, com a formação de novas figuras políticas em grupos.
-Esse Getúlio Vargas...
-Foi bom presidente. Ainda bem que eu votei nele.
-Eu votei no Dutra agora.
-Eu não. Também votei num amigo meu para ser vereador aqui perto do brejo.
-Oh, rapaz! Vereador bom da conta. Eu votei nele. Mas me pagaram uns...
-Pai, pai. Eu vou poder ir para a casa da voinha?
-... uns cruzeiros para...
-Pai, para a casa da voinha?
-Menina!
-Eu vou poder pai?
-Cala a boca, não empata Vicente de falar! Moleca.
-Desculpa Vicente.
-Trinta, Trinta cruzeiros. Nunca comi tanto na minha vida que nem naquela festa de eleição.
No outro dia a Sara foi ver a Lourdes na cama. Ela estava melhor. O banho de sal grosso tinha funcionado. Ia demorar um pouco, mas já estaria boa. Foi um surra e tanto. Nunca mais atrapalha conversa dos outros. Nunca entendeu o motivo de tanta ira por atrapalhar uma conversa...
Os meninos almoçavam cedo e lanchavam às 14h. Naquele dia seria xerém com leite - se não souber o que é cada comida, chuta que é de milho e provavelmente você acertará. Estavam espalhados pela casa lanchando e os homens conversavam na sala.
-Ele está sem emprego na cidade. Vive vendendo balinha e chiclete. Fica batendo de porta em porta. Isso não é vida não. Desde que despejaram ele da fazenda, ele não tem falado comigo. Homem de ego inflado, parece que só por que ta sem dinheiro não pode mais ter amigo. Não vai mais lá em casa fazer visita.
-Por que despejaram ele?
-Os donos da fazenda se mudaram para São Paulo, vão trabalhar na indútria. Venderam a fazenda e as vaca tudo. Agora vai sê plantação de milho só. A fazendo todinha. Têm uns 6 hectar.
-Arre égua.
-Eram ricos de mais. O único que ficou foi o caseiro. Agora eles só contraram se for como bóia-fria. Num compra todas as comidas do ano que eles precisam não.
-A esposa ta bem?
-Ta nada. Parece que num ama ele. Vive pulando cerca. É uma decepção.
-Coitado de Jorge. Faz tempo que num vejo ele. Essas indústrias estão levando as pessoas tudo a abandonar as terras e ganhar mais. Já comprei 10 bois só essa semana. Estavam vendendo tudo na fazenda que eu fui.
-Virgem Maria.
Na rádio passava comentários sobre o fim do Estado Novo e a mudança na estrutura política partidária, com a formação de novas figuras políticas em grupos.
-Esse Getúlio Vargas...
-Foi bom presidente. Ainda bem que eu votei nele.
-Eu votei no Dutra agora.
-Eu não. Também votei num amigo meu para ser vereador aqui perto do brejo.
-Oh, rapaz! Vereador bom da conta. Eu votei nele. Mas me pagaram uns...
-Pai, pai. Eu vou poder ir para a casa da voinha?
-... uns cruzeiros para...
-Pai, para a casa da voinha?
-Menina!
-Eu vou poder pai?
-Cala a boca, não empata Vicente de falar! Moleca.
-Desculpa Vicente.
-Trinta, Trinta cruzeiros. Nunca comi tanto na minha vida que nem naquela festa de eleição.
No outro dia a Sara foi ver a Lourdes na cama. Ela estava melhor. O banho de sal grosso tinha funcionado. Ia demorar um pouco, mas já estaria boa. Foi um surra e tanto. Nunca mais atrapalha conversa dos outros. Nunca entendeu o motivo de tanta ira por atrapalhar uma conversa...
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