3: Feliz aniversário!
As mulheres estavam vindo do poço com as latas de tinta cheias de água. Lourdes tinha feito 9 anos. Era dia de festa na casa do Sebastião, família festeira. Ela chegou cansada carregando a lata e deixou no chão da cozinha.
A casa tinha basicamente 3 cômodos: a cozinha, a sala e os quartos. Do lado de fora se via uma varanda pequena. Tinha gente que dormia em rede, tinha gente que dormia em cama de pau. Os colchões não eram dos melhores, eram finos e afundados. Uns eram rasgados pelo uso. As fronhas estavam sempre limpinhas pelo cuidado da mãe. Não havia espaço para egoísmo, todos compartilhavam o que tinham.
Lourdes tinha uma boneca apenas. Não haviam muitos brinquedos na época. Essa preciosidade era de pano, brincava com ela sempre. Cada menina tinha a sua. Brincavam com elas nos quartos fingindo ser pessoas de verdade o dia todo, principalmente quando não iam para a escola.
A escola ficava na casa de uma professora. Ela ensinava para os meninos numa sala cheia de cadeiras. Não haviam escolas como hoje em dia, assim como não haviam tantos alunos. Professora ríspida, castigava com palmatória ou qualquer coisa de madeira comprida que se batesse na mão daria calombo.
Enfim, naquela noite teriam festa. Semana passada haviam proposto essa comemoração.
_Chama os amigos da rua ali do lado. Eles são gente fina. Agradável de conversar com Seu Vicente. Vai ser bom ter ele aqui em casa - Sebastião.
_A esposa dele teve neném dia desses - Sara.
_Mãe, os meu primo vão vir? Mãe? - Pretim.
_Seu pai que sabe meu filho - Sara.
_Chama. Vem todo mundo Pretim. Se vem os pais, vem filhos, uai.
_Mas o neném vai gostar do barulho não - Lourdes.
A casa foi preparada aos poucos. Dia era lavagem do chão da casa, dia era capinar mato. Final de semana, domingo de manhã, saíram todos para a missa.
Vestiram as roupas de sair de casa, tomaram café e foram para a igreja de pé. Não tinham carro, asfalto ou bicicleta. Chegavam lá na hora exata. Sentavam nas cadeiras juntos e ouviam toda a mensagem juntos. Ninguém falava nada, senão levava peia em casa. O padre falava bonito e Sara chorava. Ela tinha o Novo Testamento. Tirava de casa só no dia de missa, de outra forma ficaria em casa aberta no Salmo 23 do lado da cama, junto com a vela, fósforo e o copo de água coberto com o pires de prata da sua mãe. Coisa antiga de grande apreço da Sara. Tinha sobrado da última mudança, ficara com ele guardado para nunca perder.
Segunda, foram na cidade comprar comida e outros materiais. Foi José, Tavinho, Celina, que eram filhos, e o Carlos que era sobrinho de Sebastião, filho da sua irmã Rita. Chegado da família, ajudava o pai de Lourdes a fazer negócios. Era dois jovens, Sebastião com 23 e Carlos com 15.
Terça feira era dia de lavar roupa.
Quarta feira foi o dia do aniversário de Lourdes. Todos ajudavam a arrumar a casa e comida. As pessoas iam começar a chegar quando o sol se pusesse. Até lá, ainda tinha que terminar de cozinhar as coisas.
Sara preparou mais suas cunhadas canjica e galinhada. Prepararam galões de água com suco de caju e goiaba. Comprar a açúcar cara para adoçar. Estenderam os tapetes pela sala e a Lourdes limpou o seu berimbau. Estava aprendendo a tocar.
Chegada a hora, foram pentear os cabelos e vestir a roupa. Tinham banhado umas duas horas depois do almoço, porque se fosse antes Sara dizia que teriam corxipiu - constipação.
Lourdes seria uma bela mulher. Tem os cabelos pretos e lisos. Nas pontas, cachos naturais. Sua sobrancelha é fina, arredondada e marcante. Seus olhos são pequenos e arredondados, mas quando sorri dobram e somem num formato de meia lua. Seus cílios são bem pequenos, maxilar quadrado, maças do rosto pequenas, lábios finos. Seu nariz é fino e reto. Tem uma saliência se visto de lado. Tudo era muito sutil aos 9 anos, mas mostrava que seria uma bela mulher. Vestiu uma saia branca e uma blusa preta. Colocou os sapatos pretos. Estava pronta.
Passaram a noite conversando, rindo, comendo. As crianças se sujando e brincando. Foram muitos primos dos meninos, os filhos dos irmãos de Sebastião e Sara. Os adultos botaram a conversa em dia, foram embora no outro dia quase perto do almoço. Sobrou comida para o almoço das duas famílias, mas nenhum espaço na barriga. Foram embora com calos de tanto arrastar o pé na dança. Apareceram dois músicos, foi uma boa festa.
Lourdes ganhou uma cabra de presente.
- Feliz aniversário! - Sebastião.
A casa tinha basicamente 3 cômodos: a cozinha, a sala e os quartos. Do lado de fora se via uma varanda pequena. Tinha gente que dormia em rede, tinha gente que dormia em cama de pau. Os colchões não eram dos melhores, eram finos e afundados. Uns eram rasgados pelo uso. As fronhas estavam sempre limpinhas pelo cuidado da mãe. Não havia espaço para egoísmo, todos compartilhavam o que tinham.
Lourdes tinha uma boneca apenas. Não haviam muitos brinquedos na época. Essa preciosidade era de pano, brincava com ela sempre. Cada menina tinha a sua. Brincavam com elas nos quartos fingindo ser pessoas de verdade o dia todo, principalmente quando não iam para a escola.
A escola ficava na casa de uma professora. Ela ensinava para os meninos numa sala cheia de cadeiras. Não haviam escolas como hoje em dia, assim como não haviam tantos alunos. Professora ríspida, castigava com palmatória ou qualquer coisa de madeira comprida que se batesse na mão daria calombo.
Enfim, naquela noite teriam festa. Semana passada haviam proposto essa comemoração.
_Chama os amigos da rua ali do lado. Eles são gente fina. Agradável de conversar com Seu Vicente. Vai ser bom ter ele aqui em casa - Sebastião.
_A esposa dele teve neném dia desses - Sara.
_Mãe, os meu primo vão vir? Mãe? - Pretim.
_Seu pai que sabe meu filho - Sara.
_Chama. Vem todo mundo Pretim. Se vem os pais, vem filhos, uai.
_Mas o neném vai gostar do barulho não - Lourdes.
A casa foi preparada aos poucos. Dia era lavagem do chão da casa, dia era capinar mato. Final de semana, domingo de manhã, saíram todos para a missa.
Vestiram as roupas de sair de casa, tomaram café e foram para a igreja de pé. Não tinham carro, asfalto ou bicicleta. Chegavam lá na hora exata. Sentavam nas cadeiras juntos e ouviam toda a mensagem juntos. Ninguém falava nada, senão levava peia em casa. O padre falava bonito e Sara chorava. Ela tinha o Novo Testamento. Tirava de casa só no dia de missa, de outra forma ficaria em casa aberta no Salmo 23 do lado da cama, junto com a vela, fósforo e o copo de água coberto com o pires de prata da sua mãe. Coisa antiga de grande apreço da Sara. Tinha sobrado da última mudança, ficara com ele guardado para nunca perder.
Segunda, foram na cidade comprar comida e outros materiais. Foi José, Tavinho, Celina, que eram filhos, e o Carlos que era sobrinho de Sebastião, filho da sua irmã Rita. Chegado da família, ajudava o pai de Lourdes a fazer negócios. Era dois jovens, Sebastião com 23 e Carlos com 15.
Terça feira era dia de lavar roupa.
Quarta feira foi o dia do aniversário de Lourdes. Todos ajudavam a arrumar a casa e comida. As pessoas iam começar a chegar quando o sol se pusesse. Até lá, ainda tinha que terminar de cozinhar as coisas.
Sara preparou mais suas cunhadas canjica e galinhada. Prepararam galões de água com suco de caju e goiaba. Comprar a açúcar cara para adoçar. Estenderam os tapetes pela sala e a Lourdes limpou o seu berimbau. Estava aprendendo a tocar.
Chegada a hora, foram pentear os cabelos e vestir a roupa. Tinham banhado umas duas horas depois do almoço, porque se fosse antes Sara dizia que teriam corxipiu - constipação.
Lourdes seria uma bela mulher. Tem os cabelos pretos e lisos. Nas pontas, cachos naturais. Sua sobrancelha é fina, arredondada e marcante. Seus olhos são pequenos e arredondados, mas quando sorri dobram e somem num formato de meia lua. Seus cílios são bem pequenos, maxilar quadrado, maças do rosto pequenas, lábios finos. Seu nariz é fino e reto. Tem uma saliência se visto de lado. Tudo era muito sutil aos 9 anos, mas mostrava que seria uma bela mulher. Vestiu uma saia branca e uma blusa preta. Colocou os sapatos pretos. Estava pronta.
Passaram a noite conversando, rindo, comendo. As crianças se sujando e brincando. Foram muitos primos dos meninos, os filhos dos irmãos de Sebastião e Sara. Os adultos botaram a conversa em dia, foram embora no outro dia quase perto do almoço. Sobrou comida para o almoço das duas famílias, mas nenhum espaço na barriga. Foram embora com calos de tanto arrastar o pé na dança. Apareceram dois músicos, foi uma boa festa.
Lourdes ganhou uma cabra de presente.
- Feliz aniversário! - Sebastião.
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