Eu preciso postar esse texto.
Ela era alta, seu cabelo batia no umbigo, usava muito a palavra 'talvez' e não tinha cortinas brancas no quarto. Colecionava flores secas em um livro sobre Egito e correlatos. Comprou 14 cadernos em 1 ano para planejamento de coisas que fazemos na vida que não precisam ser planejadas. Sistemática? Muito. Engraçada? Um pouco.
Ele já era totalmente diferente. Não se importava com o que ia dizer ou sentir, ele apenas fazia acontecer. Usava óculos, uma caneta azul e 20 reais. Suficiente. Esse é o resumo, objetivo igual a ele.
Era quarta feira, dia nada haver com nada. Ela foi entregar uma correspondência nos Correios na correria. Poderia tê-lo visto outro dia, outra hora. TALVEZ naquele casamento quando ela estava linda e maravilhosa. Ou na festa junina do mês passado. Qualquer dia menos aquele.
"Ainda bem que eu vim com esse sapato. Ainda bem que meu rímel não saiu por completo. Ainda bem que eu não levei o algodão na bolsa e ficou mal lavado o delineado. Meus olhos estão mais bonitos do que estariam sem nada. Ótimo. Poderia ser pior."
Tudo bem, ele julgou o livro pela capa. Pensava que seria uma menina lerda e sem papo. Valeu a pena ter puxado conversa. Ser sociável com pessoas sozinhas pode revelar gente boa nesse mundo que anda por aí de boas. Obrigada, eles se conheceram.
No banco da parada de ônibus, esperando o mesmo ônibus. Sentaram juntos no ônibus porque neh, se você começa uma conversa com alguém e pega o mesmo ônibus que ela, meio que vocês não sentariam separados num ônibus vazio. A não ser que fosse alguém nada haver.
Conversa boa e clichê - que eu não aguento mais no meu diálogo: educação. Faculdade, ensino médio, cursinho, Enem, vestibular, UnB, eu não passei, qual o curso que você quer, que legal, faz o quê, hum, ah sim, okay, uau.
Na cabeça dos dois se passou uma ideia deles se amando e conversando mais vezes. Que linda história. Mas aí ele desceu do ônibus e eles nunca mais se viram. Fim.
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