Epifania


Deitada no sofá olhando para a parede verde da sala e pensando em meus pensamentos. Certa vez alguém me disse que ninguém muda, apenas acrescenta.

Olhando para a parede lembrei da época que ela era apenas cimento. A casa era diferente, não tinha forro e a fiação elétrica era super visível. Não havia cerâmica lá fora e a TV era uma caixa gigante com a imagem horrível. Agora várias camadas de tinta estão sobre a parede. Cada ano uma cor diferente. Algumas marcas de mão, uns rabiscos da minha irmã, uns arranhões de móveis. Mais camada de tinta. E vão se acrescentando características até que todo o ambiente fique diferente. Igual a qualquer humano.

Como em Locke, uma página em branco, a razão vai construindo castelos. Como em uma língua estrangeira, mais palavras vão construindo a dominância. Como em uma construção, mais tijolos vão formando uma casa.

Plenitude. A epifania foi mudança ser sinônimo de plenitude. Mais uma ligação neurológica. Ninguém é mutado, mas completado. Não há pirâmides sem base, nem diploma sem início.

Cada gota de razão, cada mudança, cada experiência, cada camada de tinta. De fato, somos um conjunto de acréscimos, mas a mesma parede.

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