Break time

Quando ela terminou a corrida estava exausta. Sentia sua garganta seca e clamava por água. As pernas latejavam e dava para ouvir cada pulsação do coração. O vento frio que batia no seu corpo já não a fazia tremer, seu corpo estava quente o bastante. 

Grande diferença havia entre aquela menina de tapis rouge e esta descabelada. 

Correr significa olhar para o alvo e nada mais. Não existem obstáculos, existe você e a linha de chegada. 

Ela alcançou a linha de chegada. Acabou. 

A primeira reação de uma pessoa nessas circunstâncias seria por as mãos na cintura e esperar cair a ficha. Vem aquela sensação de perder o foco. Não existem mais metas agora. 

Da ausência ouvimos o silêncio. A voz dela é lenta e pede paciência. Sua personalidade é serena e séria. As vezes esbanja um sorriso. 

Os corredores não são máquinas. Eles tem de descansar. E é no nada da história que vêm as lembranças e lá, os quebra-cabeças se encaixam. É quando se aprende a parar de correr e aceitar a própria condição. Não somos de ferro.

O tempo necessário para tratar das feridas e continuar as outras corridas; para ver as marcas já cicatrizadas e perceber o quão longe fomos. 

Diminuir o ritmo pode ser agonizante. As vezes requer ajuda de outras mãos além das nossas, calejadas e inexperientes. 

Pedir pausa faz parte do caminho. Não é errado cuidar um pouco da gente e esquecer as outras pessoas. Faz parte do processo de independência. 

Quando a corredora atravessar sua trigésima quarta linha de chegada e puder dizer que sabe exatamente o que fazer, então entenderá que a hora chegou. Sem perceber, também terá terminado de ensinar sua lição de casa: aprender a viver. 

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